sexta-feira, 27 de abril de 2012

Memórias eternas



(...) Oito e meia da manhã. O carro do meu pai parou em frente ao portão do Liceu e nós saímos: eu, a Isabel Pimenta e a Siby, a nossa saudosa Siby, companheira de tantos anos!
 Corremos para a vendedora de pevides, que se encontrava, invariavelmente, ao lado do portão da Quinta das Lágrimas. Enchemos os bolsos das batas azuis claras e esperámos pelos colegas que iam chegando.
O dia nascera em tons de abril, doirado, ameno. A Olga Soares e a da Ângela Tavares, duas das amigas inseparáveis da nossa turma do 5º ano, acabavam de chegar. A bomba rebentou e nós ficámos incrédulas perante a notícia fresquinha «houve um golpe de estado esta manhã», disseram elas, em primeira mão! Espalhou-se a novidade e, meia hora mais tarde, o Liceu D. Duarte iniciava uma nova era. As batas voaram com a rapidez de um raio, ao som de um grito conjunto que ecoou das profundezas das miúdas que as trajavam contra vontade…
Os professores choravam e contavam-nos histórias que desconhecíamos até ao momento. Recordo-me perfeitamente de ter ficado chocadíssima ao ouvir (creio que da boca da professora de História) que muitas vezes estávamos sob vigilância durante as aulas «eles escutavam à porta da sala e eu sabia…», dizia ela lavada em lágrimas…(...)

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