A todos os filhos da guerra, vítimas da hipocrisia dos homens
Deambulas na rua escura e densa
entre sombras mascaradas
e perfis imaginários.
Desabafas o teu ódio
apedrejando o silêncio
de estranhos odores,
esvais-te em sonhos perdidos
e amaldiçoas a angústia da tua condição
de farrapo abandonado nas ruínas do tempo.
Cerca-te o orgulho errante
dos predadores do presente
que te amputam a alma cansada
na penumbra da calçada
imunda e gélida.
Choras as tuas origens
sepultadas na imensidão da guerra!
A noite desce soturna e muda
e o eco das balas longínquas já nada te diz.
Vagueias entorpecido na inquietação.
E na pálida imensidão de sentidos
pisas excrementos com sapatos de ilusão.
Maria Santos